terça-feira, 25 de maio de 2010



És palavra de cristal que se refaz no reverso do olhar humedecido

reflectindo o toque com que na ponta da língua semeias fantasia

ou a espuma do mar esquecendo vagas de tempestade

o doce marulhar das pequenas ondas alisando num único embate a falésia escarpada

o silêncio mimado que esconde a ofegância dos sentidos duplamente despertados

no abraço estendido

o mistério secular

que se entrecruza no tempo em que os olhares passados falavam de presente

a casa que se larga sem se deixar de voltar para chegar e partir para nova viagem

o circulo que antecede o espaço projectado pelos dedos que se tocam bravios

e a fada

que ao respirar à superfície da pele o nome das horas

guarda no ventre as cores da aurora por inventar

E és essência

os caminhos estrelares amanhecendo-me no galope do sorriso alargado

o lume brando atiçado solenemente pela exactidão do sopro dos elfos vagabundos

o virar sem pestanejar mais uma página ao coração escancarado

as teclas do piano ressoando no crepitar da madeira empilhada ao canto das bocas de mel

e os passos descalços gastando o frio aos soalhos por varrer

o gesto rasurado que recompõe o leito à chegada do ósculo

e um não sei que nome dar ao suspiro

já que és

o pouco mais saber

do que o saber que estou

ou que não estou

se por acaso não acordo

em ti

PBC

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