terça-feira, 24 de julho de 2012

Uma classe suspendida.


É triste mas não serão os políticos nem os poderosos a acabar com o que resta de toda esta panaceia económica. Antes, porque estes unicamente se aproveitam da burrice alheia, será sim a testosterona da classe média gesticulando o desespero em arremedos de mediania e mediocridade e em ilusão tamanha que ainda julga possuir ou conquistar os seus pequenos troféus quando na realidade o mais que consegue possuir é a hipoteca da própria sombra, essa da qual foge mas deixa um rasto de frondosa estupidez alastrando tão visivelmente que, aí sim, qual acepipe deixa caminho aberto ao maquiavelismo dos poucos realmente poderosos. Afeita à miragem dum pecúlio que nunca chega, viciosa e viciada no consumo e na comparação com a galinha da vizinha é esta a classe que de sobrolho levantado e olhar por cima da pálpebra, em canto de cisne desasado e tentando a todo o custo camuflar a cólera ainda se agarra a pequenos poderes de vão de escada e quintal como se daí lhe adviesse a falsa superioridade com que em esgares perdulários defronta os semelhantes. E de pouco lhe vale os que nela marcam positivamente a excepção, simples arautos da excelência ou da esperança solidamente fundada, mas, porque também confrontadores com a pequinês e redundância de padrões a que se entregou, mau grado uma farta ostentação de penduricalhos de pechisbeque paliativo, para ocultar a vergonha, abafados. Reivindica respeito mas considera-o para tansos. Despreza-se na identidade e tenta passar pelo que não é. Ao contrário da classe baixa a quem o sorriso sacia a fome e da alta a quem este atesta a abastança, intimidada com a simpatia, constantemente sobressaltada pela desconfiança e sempre de trombas mede por elas o status. Lambuza-se e aliena-se em quimeras personificadas por prima-donas de divertimento ou em camaradagens de ocasião para acrescentar mais rostos ao rol dos que nunca estarão presentes quando forem necessários ou aos que haverão de calhar na berlinda dalgum dia para expurgar o azedume e a frustração. Uma classe suspendida na arrogância caduca e a rombas tábuas de salvação que, convença-se, não lhe permitirão não sucumbir a não ser que se reavalie a si mesma e aos princípios que lhe dão corpo. Porque os dos extremos; uns porque já nada têm a perder e se resignam à condição de párias do sistema e outros porque de facto imperam, podem e têm; esses não contam a favor da balança do que ainda há para sacar ou orquestrar. No meio, iludida e mais permeável a ser convencida pelos acenos de possessão atirados pelos mais possantes da cadeia alimentar, em vez de assumir o seu papel equilibrante esta classe média senil limita-se a arrogar a cagança com que exibe os óculos escuros na ponta do nariz e a ridícula presunção com que conduz os “Audi’s” raramente próprios. Não se olha de frente mas de soslaio como aos demais. Auto-deseducada pelos excessos da ganância é de facto esta categoria apegada a tudo o que se lhe engoda que se perderá levando com ela a ainda possível justiça de forças, deixará de existir e sem marcar pontos fará jogar o derradeiro declínio das classes e a combustão da dignidade dos que acreditam num mundo melhor. Porque se digladia entre ela em vez de apontar para onde ou para o que interessa: Os valores de equilíbrio com que merecer a dignificação da competente condição de humanos ou animais mais do que pensantes. Uns, os domadores, atiram com nacos de carne já podre e os outros, as feras, esgadanham-se e devoram-se nem que seja para ostentarem as sobras diante da alcateia. Já não há luta de classes mas luta no seio da própria classe, a que, deslumbrada pelo reflexo do usufruto, mal rosnando esterilmente a quem lhe atira com o bofe, entre uma refeição e outra abocanha os seus filhos e irmãos e oferece de mão beijada a própria extinção. E o pior é que na ignomínia dos seus mais pequenos gestos denota congratular-se de ser progenitora dum futuro penhorado para os vindouros.

PBC 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sejam portugueses pá!


Não entendo. A sério que não entendo por que é que esses alunos com dificuldade em pagar as propinas da faculdade não se mostram á altura de merecerem o título de doutor. Como é que se pode confiar o futuro a gente tão pouco apta a discorrer sobre soluções de conquista e expansão se eles nem sequer são capazes de dar bom nome às fundações da nação? Como?! Alguém me diz?! Então mas os paizinhos deles não lhes ensinaram a ser bons portugueses e aonde assenta o orgulho nacional? Pelos vistos não. E é por isso que em vez de solicitarem aos reitores que lhes seja concedida a regra de Sócrates e ou de Relvas não; antes preferem queixarem-se das dificuldades. Se fossem bem ensinados já sabiam ser assim que diminuíam os custos dos estudos. Bastava mandarem uns bitates sobre a matéria via telefone ou estarem inscrito durante um ano na universidade e a coisa estava feita. Mas não. Optam pelo andarem ali a pavonearem-se de livro debaixo do braço, a comerem pão seco convencidos ser lagosta. Isso não é ser português. Português que é português anda de nariz empinado por cheirar caviar e até mesmo quando escorrega na merda dos sem abrigo cagada nas paragens de autocarro nos quais para entrarem fazem-no furando as bichas à cara podre.  Lusitano não se queixa. Desenrasca-se! Não é burro. Tem orgulho. Sabe escravizar. Não liga ao mérito que esse gajo é um tanso e o Cunha é amigo do peito. Sabe que a raça o que preza é o laxismo e que preocuparmo-nos em executar é coisa menos nobre. Se há sempre quem faça e quem vier atrás que feche a porta. Ora agora. Onde é que já se viu uma coisa destas; andarem feitos queixinhas. Se tivessem estudado alguma coisa de história viam logo que para se ser um bom tuga primeiro há que deixar o Afonso Henriques orgulhoso. Claro! Porque qualquer pequenino que se preze tem que ser velhaco dançarino, saber vender a mãe e dar a boca a todo o Papa com quem se cruze. A sério; se cabe na cabeça de alguém andarem para aí a lamentarem-se em vez de saberem envergar as cores da nação. Se não sabem ser dignos do país que têm não entendo o que é que estão cá a fazer. Deviam emigrar. Isso sim. Para a próxima vez, na próxima encarnação, quando lá às portas do céu o Sº. Pedro lhes perguntar onde querem nascer o melhor é dizerem que querem ser paridos na China ou no Malawi. Porque nós cá não precisamos de gente dessa com carácter mole. Ora agora, portugueses sem a noção de que o orgulho lusitano ajusta-se na bacanisse à mesa da tasca, na esperteza da Malveira, no bacalhau com alho, na palmada nas costas só para comer um sapo vivo. A sério que não entendo. É verdade, não entendo mesmo.  Se calhar achavam que bastava termos escravizado África e arredores, termos tido o Salazar, aperfeiçoado o astrolábio e ver os morangos com açúcar e já estava tudo bem. Não! Não é assim! Primeiro há que merecer a fama que tão bom nome nos dá. Sim, até porque ela não tem nada a haver com o Karma nem com a pequenez que interessa preservar. Realmente, não entendo, nem entendo ainda por que é que perco tempo entre gente assim, tão pouco expedita. Bem se vê que não percebem nada do porquê de, vivendo de diminutivos, sermos o único país do mundo onde há mais xicos do que Franciscos.

Sejam portugueses pá, e parem de se queixar!

PBC