sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E sigo...

Foto PBC


Hoje, nem que seja por um só segundo, ocultarei às estrelas apagadas a porosidade do ar cinzento sufocando as palavras nodosas que se acercam do voo dos mochos e, antes mesmo de adormecer, acomodarei a sombra das asas na acalmia das enseadas onde aportam juncos de orvalho sorrindo à nortada, certo de no lugar do sobressalto, na extensão dos dedos me nascerem reflexos de aura cicatrizando as fissuras da pele… Porque sei agora quanto me envenenam as palavras nascidas antes do sossego dos sonhos… e do voo da alma… por isso as encarcero, tanto quanto agrilhoo todos os princípios gastos no precipício que no ânimo afundo mas dele não se aparta, lembrando ser aos poemas comiserantes que as chagas clamam piedade… que a não quero... mas brisa...

E por isso, hoje, serei só principio de estrada no tempo que em ti respiro quando me quero leve e sonhador, se esperando da noite pouco mais do que nada, assim me simplifico e desnudo…

E tão pouco permitirei; nem consentirei que um único bulício do horizonte me lembre as palavras onde, uma e outra vez, sem vantagem me suicido… Porque me acaricio ao respirar o lado oculto da luz iluminando a corda que à perene vida me agarra… E sigo…

PBC

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sei...

Sei que valerá sempre a pena auscultar os seixos de rubi que me tingem de perdição o ventre, e que mergulhar a ponta dos dedos na vertente húmida dos quereres maiores me erigirá a profundidade do olhar, já que resgato ao tempo o gemer dos ecos da ausência, se nas pregas do umbigo acumulo nascentes de éter precipitando o desagravo com que, como bola de magma, me aumentas o epicentro do sorriso alado onde me banho: gota de orvalho resplandecendo à cabeceira dos arcanjos…

Porque sei os porquês de na ponta da língua ter gravada a porta do Olimpo, esse jamais me completar no reflexo das asas das gárgulas sombrias que se insinuam no lado oculto das estrelas …

Do resto, somente te segredarei a rendição das salivas alagando os suspiros, a força das monções ecoando na eternidade do teu nome, em mim, o silente grito que me nasce no lugar das palavras, o urgente assalto dos desejos tórridos, a incomensurável delicadeza dos beijos geminados e a insaciável voragem dos querubins amando…

Se me chamam as galáxias onde em fiapos de luz te encontro… e não metafórico me elevo…

PBC