sexta-feira, 30 de julho de 2010

E então...

Foto PBC


Não, não fui eu nem tu, mas nós, os que nascemos com o olhar perdido no horizonte, a sentir o arrepelo da pele na certeza de serem verdes as esperas que prometem rios de mel e norte às noites vadias, a reconhecer a memória do futuro gerando nos ovos de pedra o leve respirar das estrelas.

E, ainda antes do acordar da saudade se desvelar na antiguidade do sonho ou na inevitabilidade do futuro, desde a eternidade, recordas-te caminharmos pelo ventre do cosmos, sem idade, serenos, como se somente os dedos, buscando-se, se pudessem agitar pelo reencontro?

E então?

PBC



segunda-feira, 12 de julho de 2010

Planícies de memórias...


Música PBC



No percurso fluido da ascensão

galopam em silêncio

planícies de memórias e unicórnios de cristal

e calam-se mais fundo

no ventre

acetinadas gemas de safira

ou, como volúpia e história rasurada

a sombra dos planetas maiores

clarificando-se

quais impolutas silhuetas de amor

os oceanos de prata

onde deposito

já crepúsculo

o olhar

acobertando os sentires


E é aí que

nos umbrais das manhãs submersas

entre umas e outras

distingo e depois sorvo

esses mares em que naufragas

gotas de orvalho

a permanência

a saliva

e a memória dos frémitos com que te fazes desejo

por um só destino

e as palavras que nunca vencerão a noite

se nos braços de uma metáfora te resumo

no todo ou no anseio dos beijos em que afinal nunca partiste

sonho atrasado

e alma com que respiro

o éter que me devolves

o cais onde aporto a razão do teu olhar

meu vulto

erguendo na miragem do horizonte

uma única ideia

ou o resumo do canto das sereias

no percurso fluido da ascensão


PBC