terça-feira, 24 de setembro de 2013

Falo por mim que dos outros falarão eles...


Estranho estranho era alguém descobrir ser fruto da obra e graça do Espírito Santo ou filho da Virgem Santíssima, questionando-se acerca das cambalhotas dadas pela mãe com um pai, quiçá, extra terreno, ou até somente existente nos sonhos de sabe-se lá que puríssima dona. Enfim. Daí estar em crer que o não nos regozijarmos pelas próprias origens é negarmos a nossa inerente existência: qualquer coisa como o colocarmos mais lenha no ficarmos presos aos padrões e comportamentos dos nossos antecessores, esses que, quais carantonhas vindas do passado, à laia de opacas assombrações, agoiram-nos a prossecução do caminho rumo à liberdade, acabando paralelamente a boicotar-nos o acesso à evolução e ampliação da especialização genealógica não só da árvore donde provimos como da espécie na qual nos inserimos. Duvidem ou não disto podem tirar o cavalinho da chuva que quanto a mim, na mesma, adianto-vos este não só mas também, que famílias fazendo tudo para manter a linhagem dentro dos limites ou clausura de alguns dos seus legados, gostos e ambições, como se todas as suas aprendizagens e dos seus antepassados fossem o standard de excelência a preservar, quais peregrinos desnorteados procurando destino mas diante dele embasbacam na eminência de se verem conduzidos a portas que, uma vez alcançadas e abertas, em vez de os livrarem de amarras, pesos e dores trazidas da ancestralidade mais o cerram. Só que ao invés, como que a certificarem-se da legitimidade e verdade da sua entidade, no lugar de avançarem para elas acabam a olhar exclusivamente para a areia existente no inicio desse caminho, a que os leva a evitar percorre-lo, pelo medo de no avanço, ao fim, encontrarem uma única porta, porventura, e acreditam-no, aquela onde a culpa divina os subjugará e punirá por terem saído a si mesmos e não aos seus. Porém, aqui, há ilusão. Esclareço: Por continuarem arreigados à culpa, digo, limitações genealógicas, não só estagnam a sua geração como represam a anterior fazendo por neutralizar nos seus predecessores a liberdade de serem. Talvez por isso mesmo queira estar atento ao legado familiar adveniente do meu lado, direccionado à minha filha. Por exemplo, à falta de melhor a oferecer-lhe mostrar-lhe-ei e ensinar-lhe-ei a comer segundo os preceitos da etiqueta da qual, por contingências familiares, lá está, papei alguns livros. A comer com as mão, com os pés e até a ajavardar também ensinarei, pois que, presumo, virá a sentar-se à mesa, e sentando-se, que possa saborear manjares de todo o tipo e em concordância com a sua consciência gustativa e fluência comportamental. É, acredito que a diversidade de modos e experiencia no adquiri-los levarão mais longe os propósitos do seu ADN e descendência. A mais, e aí falo por mim que dos outros falarão eles mas não necessariamente me convencerão, na diferença geracional, para limitado e estupidamente avesso à supressão de aberrações familiares basto eu. 

PBC

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Talvez por isso.


Se pensar que todas as vidas dariam um argumento cinematográfico mas somente algumas, pelo profundo sentido e cariz tragicómico dariam cartazes de referencia e garantias de boas audiências de imediato me ocorre a lembrança dum amigo que usava referir a psicologia do braço como sendo a mais eficaz no sanar situações de discrepância de interesses e ou conflitos. O Luís era assim uma espécie de Mumblay arraçado de capitão Adock, um convicto ritualista das questões supérfluas da existência, com quem, a determinada altura, pela intima fraternização de adolescentes, como se na altura nada mais tivesse para entreter o tempo que não no perder-me estupidamente em desvarios, qual perdulário assentindo sem querer a um programa de matine cinematográfica, acabei a acompanhá-lo ao seu psicólogo. O lá passado não contarei, de tão dantesco, surreal, cómico, indescritível e quase trágico foi. Que episódios da vida suficientemente achincalhantes para desfigurarem qualquer esperança de credibilizar uma imagem de salubridade comportamental não podem ser lançados ao Deus dará nem devem ser partilháveis gratuitamente sem que no ar não fique a pairar o desconforto característico dos palhaços frente a adultos tomados excessivamente a sério. O pouco e possível de aqui vos adiantar é o facto de que, depois desse dia, não só nunca mais regulei bem da mona como, para infelicidade dos meus pais, toda e qualquer esperança de continuarem a ter o filho até ali de orgulho caiu por terra. Já para não falar do Luís a quem já foram lidas as exéquias fúnebres. Talvez por isto, mas não só; e desculpe-me a minha mulher e amigos especialistas no assunto por quem estou rodeado em todas as frentes; gosto de pensar que um licenciado em comportamentos sem psicologia nenhuma não é um psicólogo, mas um papagaio.

PBC