quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu ministro!


Sonhei ter sido incumbido de escrever um livro que deveria ter por título:

“Directamente da ardósia para o Magalhães e do Magalhães para o Matusalém”, uma espécie de Prozé dos computadores.

Para quem não sabe ou não se lembra, o ProZé foi o “mata velhos” que proliferou por esse Portugal afora nos anos setenta, e, ao contrário do Magalhães, todo ele fabricado em Portugal. Há mesmo quem diga que a origem do termo “mata velhos” provém do facto do Prozé ter sido uma carripana tão insegura que os seus condutores tombavam que nem tordos, facto que gerou repulsa pelo dito, e por consequência, levou o projecto à falência.

No meu sonho, uma vez que o Magalhães, para além do nome, de português pouco tem, o Matusalém utilizaria exclusivamente tecnologia portuguesa, pelo que fazia todo o sentido atribuir-lhe o nome de um personagem estrangeiro, e para lhe conferir mais respeitabilidade, bíblico. Seria o computador que, para equilíbrio das coisas, o Sócrates, no seu louvável plano tecnológico para o ensino, alfabetização e culturização da nação, passaria a oferecer aos idosos com vista a fazê-los abandonar os bancos de jardim e a levá-los a encontrar uma ocupação mais rentável. Em vez de andarem ali ao jogo da sueca e do dominó passariam a jogar em casinos on-line. Com esta estratégia, uma vez que estava convicto de que os nossos velhotes virariam verdadeiras feras da jogatina passando à auto-suficiência financeira, o Eng. acreditava poder ser possível retirar-lhes a pensão, fazendo assim encaixar mais uns cobres para suportar o plano de desenvolvimento tecnológico do país. Por outro lado, ao banir com os velhos das alamedas e lugares públicos arranjaria espaço para mais estacionamento nas cidades. Seria a chamada estratégia H&S Três em um, ou seja: Retirava-os da cabeça, sacudiria os ombros, e esfregaria as mãos de contente.

O Matusalém teria também o benefício de conceder não só mais saúde aos que o utilizassem como acabaria com o isolamento individual dos cidadãos da terceira idade. Era uma ideia de génio que, se acaso o nosso primeiro-ministro passasse por aqui, a pás nas tantas decalcaria, e claro está, uma vez que tem direitos de autor, não sem antes me convidar para ministro dos assuntos educacionais.

Seria belo; hem? Eu ministro.

PBC

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