segunda-feira, 26 de abril de 2010

Apetece-me...


Apetece-me dizer, mas de muito que é não sei o quê, nasce e morre como vão. Ocorre-me as pulgas da minha gata, que a dor tem estatuto social, que as guerras se alimentam com o esquecimento de quem as sofre, dizer o “abutrio” da imprensa elevando o banal ao estatuto de anormalidade consumida para iludir o fardo de não se ter, e dizer da morte de alguns sobrelevando-se em colectiva histeria acima das tantas e ilustres que ocorrem anonimamente a par de quantas nunca chegaram a mísero cromo de obituário; sei lá: Apetece-me falar da correlação da poluição com sistemas económicos, da queda do muro de Berlim por debelação do Armaguedão, da extinção de espécies ao ritmo com que se devoram florestas e se anafam outrora libertadores. E porquê? Porque me sufoca este apetecer de…

Mas como me apetece, como me apetece dizer acerca de tudo o que não cabe em nada do que parece importar para se fazer parte de uma humanidade esquecida que é, do papel da vida. Dizer, simplesmente dizer, e soa-me inútil que o meu pensamento se conduza ao mero esfumar da importância do que importa, e no fim, as palavras se prontifiquem a pouco mais do que à surdez da minha gata para a problemática das pulgas, ou da sua memória de escassos minutos…

PBC

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