O homem não é um ser isolado do todo. Uma das
principais razões para a estupidez humana é o facto de se considerar senhor do
seu nariz quando no fundo não é mais do que senhor do livre arbítrio, suas correlacionadas
opções e do ego, arbítrio meramente livre em factores relativos a uma corrente
de eventos nos quais o ego, como véu da temporalidade, ao nos vedar a
clarividência diante dos episódios a que somos sujeitos, fazendo-nos sentir
superiores ao que realmente somos e lançando-nos engodos em proveito dum
funcionamento cego porém cumpridor funciona como mecanismo de defesa do
universo. Neste âmbito, se tivermos em linha de conta que o ADN manobra a
matriz identificadora da nossa identidade, lugar e papel a ocupar na cadeia
existencial e ordem cósmica, atribuindo-nos não só faculdades individuais como
também a faculdade da permeabilidade e rejeição de informação que nos potencie
as características pessoais, que mais não são do que veículos transmissores de dados
destinados a constituir ou vetar massa critica essencial ao equilíbrio de
determinado espaço em prole da estabilização de sistemas mais alargados do que
aquele onde nos inserimos, perceberemos que independentemente de o resultado
das nossas decisões ser baseado na estabilidade pessoal ou não, na legitimidade
de propósitos ou não, o culminar delas, se já não havia sido traçado por forças
que não as da nossa vontade acaba a influencia-las encaminhando consequências
sempre relativas às necessidades desse processo de estabilização, pelo que, ou
nos são devolvidas ou nos permitem avançar mais linearmente ao lado de todos os
outros eventos, pois que todas as deliberações e decisões que nos lançam à
acção ou falta dela estão sempre condicionadas a uma cadeia de eventos internos
e externos que as precedem, que vão desde a construção da nossa personalidade
influenciada pelas coordenadas geofísicas onde estamos, nascemos e nos criamos
até ao clima, à alimentação, educação, vivencias e outras que nos empurram à
participação dessa cadeia de factos. Por isso mesmo me pergunto: Não sendo pelo
prazer da fuga a mim mesmo ou dum alheado desfrutar da vida de que me vale a
cagança e a estupidez da vontade própria em detrimento da humildade se no fim,
com ou sem milhões no bolso, com ou sem calças de marca ou com ou sem
conhecimento dos meus limites e do dos outros não passo de mero veiculo
transmissor de informação de necessidades superiores à minha diminuta condição?
Como resposta, obtenho sempre a seguinte ilação: Toda a acção e sua qualidade
fará sempre diferença no resultado do meu existir, mais ou menos amplo, mais ou
menos pacificado, mais ou menos positivamente energisado. E a consciência
disso, ninguém ma tira. Com a dos outros, creiam ou não nisto como verdade, posso eu bem. Congratulo-me por serem ou acharem ser donos do que vale o que vale.
PBC
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