quinta-feira, 10 de abril de 2014

E a consciência disso, ninguém ma tira.



O homem não é um ser isolado do todo. Uma das principais razões para a estupidez humana é o facto de se considerar senhor do seu nariz quando no fundo não é mais do que senhor do livre arbítrio, suas correlacionadas opções e do ego, arbítrio meramente livre em factores relativos a uma corrente de eventos nos quais o ego, como véu da temporalidade, ao nos vedar a clarividência diante dos episódios a que somos sujeitos, fazendo-nos sentir superiores ao que realmente somos e lançando-nos engodos em proveito dum funcionamento cego porém cumpridor funciona como mecanismo de defesa do universo. Neste âmbito, se tivermos em linha de conta que o ADN manobra a matriz identificadora da nossa identidade, lugar e papel a ocupar na cadeia existencial e ordem cósmica, atribuindo-nos não só faculdades individuais como também a faculdade da permeabilidade e rejeição de informação que nos potencie as características pessoais, que mais não são do que veículos transmissores de dados destinados a constituir ou vetar massa critica essencial ao equilíbrio de determinado espaço em prole da estabilização de sistemas mais alargados do que aquele onde nos inserimos, perceberemos que independentemente de o resultado das nossas decisões ser baseado na estabilidade pessoal ou não, na legitimidade de propósitos ou não, o culminar delas, se já não havia sido traçado por forças que não as da nossa vontade acaba a influencia-las encaminhando consequências sempre relativas às necessidades desse processo de estabilização, pelo que, ou nos são devolvidas ou nos permitem avançar mais linearmente ao lado de todos os outros eventos, pois que todas as deliberações e decisões que nos lançam à acção ou falta dela estão sempre condicionadas a uma cadeia de eventos internos e externos que as precedem, que vão desde a construção da nossa personalidade influenciada pelas coordenadas geofísicas onde estamos, nascemos e nos criamos até ao clima, à alimentação, educação, vivencias e outras que nos empurram à participação dessa cadeia de factos. Por isso mesmo me pergunto: Não sendo pelo prazer da fuga a mim mesmo ou dum alheado desfrutar da vida de que me vale a cagança e a estupidez da vontade própria em detrimento da humildade se no fim, com ou sem milhões no bolso, com ou sem calças de marca ou com ou sem conhecimento dos meus limites e do dos outros não passo de mero veiculo transmissor de informação de necessidades superiores à minha diminuta condição? Como resposta, obtenho sempre a seguinte ilação: Toda a acção e sua qualidade fará sempre diferença no resultado do meu existir, mais ou menos amplo, mais ou menos pacificado, mais ou menos positivamente energisado. E a consciência disso, ninguém ma tira. Com a dos outros, creiam ou não nisto como verdade, posso eu bem. Congratulo-me por serem ou acharem ser donos do que vale o que vale.

PBC

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