Há algo de incongruente, ridículo diria
mesmo, nesta questão do sexismo e formatação do género, essa história que logo
à partida tanto pais como mães fazem recair sobre as suas pequena criaturas. É
que o à revelia inserirem uns no clube da pilinha e outras no do folharéu na
minha humilde opinião parece-me meio bacoco e desfasado da realidade actual.
Aliás, só serve o marketing das marcas. Quando olhamos para a aquisição de
papeis que a evolução passou a oferecer a verdade de hoje mostra-nos que a
harmonização da luta pela igualdade de géneros; será sempre utópica; já não se
coaduna com a dos nossos antepassados. Pelo contrário, rompe com ela. Mas
apesar disso, vê-lo e fazer por entendê-lo de frente pugna por passar-nos ao
lado. Em linha simples, progenitores e sociedade em geral espalham-se ao
comprido neste fazer a cama onde acabam por se deitar. Quer dizer; fazem a
cabeça aos miúdos no sentido de nem menina brincar com carrinhos, nem menino
com bonecas ou menino não usar calças cor de rosa nem menina chucha azul e
outras tantas. Mas como na maior parte das vezes, por lhes estar imposta essa
função, com a conivência e silenciosa exigência dos homens são elas a fazerem
as escolhas do que e quando usar começa e acaba a ser sobre as mesmas que recai
muita da responsabilidade. Falo das mães, das que transformam as suas raparigas
em verdadeiras Marias Antonietas versão couve lombarda fúscia e os seus rapazes
em verdadeiros escafandros, cinzentões, versão bota da tropa, as mesmas mães
que não só não gostam de serem vistas como aselhas e perigos na estrada como
nos entremeios acabam a reclamar e a barafustar com os parceiros, criticando-os
directamente ou em conluio de classe, clubistas, entre elas, amaldiçoando-os,
catalogando-os de ineptos e desajeitados num simples mudar fraldas. Esquecem-se
é que assim nunca permitirão aos seus pequenos e grandes homens
especializarem-se em tarefas que a elas mesmas simplificariam a vida, já que
passariam a obter um apoio muito mais fluido no cuidado com os filhos. Aliás,
salvo raras excepções, finalmente, e graças a Deus ou ao demónio que por vezes
também entra nestas contas, alguns homens já começam a assumir os seus papeis
mais alargados enquanto pais, embora para descrédito do dito sexo forte o grosso
ainda fuja da tarefa de pai em todas as frentes. Já no respeitante à atitude
destes, quando se referem à sua macheza e virilidade por conduzirem sem cuecas
cor de rosa, eu que nunca o fiz, em caso de necessidade, por exemplo e sem ser
exemplo para ninguém, vesti-las-ia não temendo que sobre o meu material se
abatesse alguma enfermidade ou moléstia incapacitante; razão de sobra para me
dar prazer afirmar que moléstia é viver acomodo a um em nome dum passado
histórico erigido à volta duma sociedade patriarcal a caminho da extinção mas
toda a via continuando a esbracejar para não sucumbir à evolução da espécie
pugnando já sem sentido por manter intocável o reduto macho, ou de princesa,
como quiserem. Só que presentemente ser macho implica conseguir colocar numa
queca todas as cores do espectro visível. E já agora; aqui para nós que ninguém
nos ouve; ser mulher também. Não entendam não não ser de todo a cor ou o
objecto a ditarem o género mas a maneira do individuo lidar com a sua
identidade e daqui a uns anos digam-me qualquer coisinha que nessa altura quem
se rirá serei eu.
PBC
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