quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A ignorancia dos nossos universitarios


Há já algum tempo que, nas minhas análises que a pouco mais me remetem do que ao sentimento de eventualmente me estar a tornar num extra-terrestre, quiçá a envelhecer e por consequência passar a fazer parte da brigada de costumes, dizia eu, há já algum tempo que venho chegando à brilhante conclusão de que, digo, facto consumado, Portugal tem vindo a gerar a um ritmo alucinante uma geração de imbecis certificados. E o que mais me preocupa é, a julgar pelas decisões do executivo no respeitante à cultura, tudo isso se passar com o aval e incentivo das mais altas instancias.

Não perderei aqui tempo a dissecar o que outros entretanto já dissecaram sobre esta matéria. Já me basta saber que quando no passado tinha uma ideia para produzir cultura, sim, porque sou dos que nasceram com a infelicidade de serem propensos a isso, se quisesse fazer uma exposição ou outra dessas tretas quaisquer, como por muitos dos nossos futuros decisores é designado, os incentivos, após bem esgrimidos argumentos, eram-me concedidos. Hoje, talvez por confrontar muitos com a panaceia de valores instituída, a coisa pia mais fininho, ou seja, nem pia.

Mas adiante. Veja-se por exemplo o estudo – em anexo - realizado pela “Sábado” sobre o grau de cultura geral das novas gerações, no qual nos podemos deliciar com verdadeiras odes à futura e já presente incúria desta nação. Pergunto-me sobre o que é que ocupa o lugar do conhecimento na mona desta gente e mais rápido do que a ligeireza com que os mesmos debitam impropérios sou levado a concluir que se não for serradura, alguma sigla mais em voga, o preço da caipirinha e do chote ou a cor das cuecas da Pamela Andersen lá do bairro, será mesmo é rarefeito ar. Talvez para não pagarem impostos. Eventualmente será assim que aprendem a poupar.

É certo que por vezes também me dou com pessoas que distinguirem entre uma vaca a defecar num prado e um Basquiat, um Rembrandt ou um Miro é o mesmo que tentarem discernir acerca da salubridade das águas do mar morto num dia de chuva. Mas esses, porque é assim que se funciona por cá, têm cunha junto da minha tolerância.

Mas pronto, o que fazer, se sou do tempo em que balbuciar um quarto que fosse de tamanhos impropérios era tido como sacrilégio, do tempo em que quando por exemplo se ia ao “Bairro Alto” era para, ao sabor dum etileno qualquer mais venenoso, viver, criticar e produzir a vanguarda. Hoje não, hoje, salvo algumas boas excepções, não sendo por questões eleitoralistas ou de simples socialização, ir ao “Bairro Alto” é nalgumas ruas tentar passar-se despercebido para não sermos identificados com a mesma estirpe de provectos defensores da imbecilidade avulsa, em nome dum pretensiosismo consumista e do querer fazer parte, já não se sabe bem do quê, a não ser do poder-se dizer nas redes sociais que se esteve ou vai.

E tudo isto, com honras de majestade sacerdotal por parte dum estado que prefere gerar absuntos que não questionam os seus fracassos e defraudanços conjecturais; porque um estado onde a imbecilidade se ri da própria ignorância é preferível a um estado em atenta observância.

PBC

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