“Penso na observância da lei
de causa e efeito e na da reciprocidade energética como sendo as leis inerentes
à ordem natural do universo e à qual todo e qualquer elemento nele existente
está sujeito, seja esse elemento uma simples pedra, planta, animal, humano,
átomo, planeta, estrela, galáxia ou o próprio universo, infinito e
auto-renovável em si mesmo.
Nesse sentido, de forma restrita á função gregária
da espécie humana, observo que os seus
modelos económicos, sociais, políticos e financeiros, herdados da antiga Grécia
e Roma, que na evolução da humanidade e da sua estruturação civilizacional
tenderam a elevar-se e a sustentarem-se por modelos piramidais balizados pelo
dogma ideológico, modelos estes que se erigiram em torno da centralização da estrutura social, do
medo, da repressão, do capital e dos mercados, e que por questões de luta no
ceio da cadeia alimentar fizeram assentar a sua própria estrutura na figura
centralizada dum estado, globalmente, começam agora a dar mostras de falência.
E este fenómeno resulta duma saturação decorrente dos critérios estruturantes a
partir dos quais a própria estrutura de base piramidal e centralizada se fechou
sobre si mesma. Do mesmo modo, no tocante à disposição desta cadeia de factores
alargada aos cidadãos, o seu contributo para a falência do sistema também
acontece porque, retraída por uma dependência subserviente para com o topo da
pirâmide a sociedade e os cidadãos passaram a desresponsabilizar-se do seu
papel equilibrante, deixando nas mãos do estado o papel que, afinal, é o exigível
ao consciente colectivo dos habitantes do planeta. E é este colectivo que, ao
que já se assiste, segundo a natureza da espécie, é o de maior força
estruturante e equilibradora dos sistemas sociais, não por via da democracia
como força eleitora de órgãos centrais mas, antes, por via da
auto-regulamentação e acção produtiva e conscienciosa dos sujeitos. Em termos
eco-sistematicos, e do desenvolvimento da própria espécie humana sintonizada
com a evolução do planeta, este não é um evento ocasional nem indissolúvel.
Muito pelo contrário. Quer se queira quer não, o que entra agora em marcha no
âmbito da reorganização dos sistemas civilizacionais, e que ainda virá a
decorrer durante muitos séculos, faz parte duma dinâmica imparável na qual o
amor - não parecendo pela realidade espelhar o contrario -, ganha lugar. Tal
transcorre duma necessidade cósmica afecta ao planeta que, ao nível do
inconsciente colectivo, vai sendo informada das necessidades planetárias e
cósmicas e, através das características comportamentais, emocionais,
sentimentais e mentais dos indivíduos faz cumprir os seus propósitos.
É real que o desestruturar-se em todo o seu âmbito e o digladiar-se e lutar
pela supremacia de castas e pelo topo, ao longo de toda a evolução da
humanidade, tem feito parte das características da raça, características essas
que, ainda que mal pareça, com o aumento de consciência humanitária, amorosa e
cósmica do próprio homem começam a atenuar-se e a dissipar-se no intimo dos
indivíduos, porque, se por um lado a sua animalidade ainda toma conta das suas
acções e racionalidade, por outro, também, deixa de avançar paralelamente ao
acréscimo de consciência. Notamo-lo não só no desenrolar e desfiar do
pensamento como igualmente na sua concretização, tal como na diminuição da
rusticidade física, por oposição à agilidade e fragilidade que começa a dominar
a raça. As próprias funções cerebrais e a actividade neurológica estão mais
dinâmicas, potenciadas e activas, pelo que, o homem, por causa e efeito
próprios, ditados pelas necessidades planetárias, começa também agora a
encontrar novas formas de se relacionar consigo e com o que a consciência
cósmica dita, em uníssono com a sua própria consciência. Porque a vontade e
conduta humanas são indissociáveis duma consciência mais alargada do que a sua,
porque o homem não vive no éter
nem resumido a si mesmo mas sim afecto a um planeta inserido num sistema, duma
galáxia, dum universo. Considerá-lo com base numa “demiurgia” adquirida pela
ilusão fomentada pelas conquistas materiais e civilizacionais impostas pelas
velhas doutrinas políticas, religiosas, cientificas, económicas e artísticas não
passa de arrogância e pretensiosismo, que o facto de se ver como um ser
pensante, inteligente e edificador e regido pela ambição lhe têm fomentado. Mas
a verdade é que o homem só é em conformidade com o que a terra lhe pede para fazer
e ser, em reciprocidade de funções. Uma, a Terra, alimenta, pedindo em troca
alimento, alimento esse fornecido pela acção do homem e solicitado através de
códigos genéticos por nós assimilados. E a organização social, económica,
politica, religiosa, artística, cientifica e financeira humana, à semelhança
das suas características físicas, mentais, emocionais, sentimentais e até
espirituais, evolutivamente, decorrem do mesmo facto que advém duma relação de
ordem energética nuclear ao nível dos elementos atómicos constituintes do todo.
Por isso afirmo que a humanidade ainda está longe de atingir o seu potencial
máximo, que será uma realidade, não só no tocante à utilização das suas
faculdades cerebrais e espirituais como também no tocante à organização dos
sistemas sobre os quais faz assentar as bases das suas estruturas de
pensamento, sejam elas politicas ou sejam económicas, sociais, religiosas,
artísticas e científicas. De facto, embora avançados, somos ainda primitivos
nestes aspectos.”
PBC in “O Grall”