quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Talvez por isso.


Se pensar que todas as vidas dariam um argumento cinematográfico mas somente algumas, pelo profundo sentido e cariz tragicómico dariam cartazes de referencia e garantias de boas audiências de imediato me ocorre a lembrança dum amigo que usava referir a psicologia do braço como sendo a mais eficaz no sanar situações de discrepância de interesses e ou conflitos. O Luís era assim uma espécie de Mumblay arraçado de capitão Adock, um convicto ritualista das questões supérfluas da existência, com quem, a determinada altura, pela intima fraternização de adolescentes, como se na altura nada mais tivesse para entreter o tempo que não no perder-me estupidamente em desvarios, qual perdulário assentindo sem querer a um programa de matine cinematográfica, acabei a acompanhá-lo ao seu psicólogo. O lá passado não contarei, de tão dantesco, surreal, cómico, indescritível e quase trágico foi. Que episódios da vida suficientemente achincalhantes para desfigurarem qualquer esperança de credibilizar uma imagem de salubridade comportamental não podem ser lançados ao Deus dará nem devem ser partilháveis gratuitamente sem que no ar não fique a pairar o desconforto característico dos palhaços frente a adultos tomados excessivamente a sério. O pouco e possível de aqui vos adiantar é o facto de que, depois desse dia, não só nunca mais regulei bem da mona como, para infelicidade dos meus pais, toda e qualquer esperança de continuarem a ter o filho até ali de orgulho caiu por terra. Já para não falar do Luís a quem já foram lidas as exéquias fúnebres. Talvez por isto, mas não só; e desculpe-me a minha mulher e amigos especialistas no assunto por quem estou rodeado em todas as frentes; gosto de pensar que um licenciado em comportamentos sem psicologia nenhuma não é um psicólogo, mas um papagaio.

PBC

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