Há
dias em que sinto nos poros que unicamente em doses equilibradas de adrenalina, dopamina,
serotonina e oxitocina me é possível sustentar por um descansativo período o
desejo e a acção concertante dos suspiros no epicentro do meu sistema límbico,
para que possa entre a assumpção da paixão e um urgente instinto de
sobrevivência firmando o pé diante da área de wernicke conduzir-me por um
labirinto de palavras com que me resgatar das emoções mal identificadas. Dito
assim, embora em tudo e
até na ciência, teoremas e cálculo matemático mais conciso exista uma
versificação harmónica, toda esta prosápia em nada parece poética, mas o facto é que,
destituindo-a de mim, do mesmo modo que furtando-me à espontaneidade de me
tornar mais integro se me bastar a somente ser e estar, sucumbo, talvez por ainda
não estar assaz maduro para não complicar sem razões a simplicidade da vida,
para, mais do que palavras escritas, ser afectos.
E
tudo, exclusivamente, por esta irrequietude mental, arrogância venal até, vã
mania de tender a racionalizar o banal e os movimentos do universo, meramente
para poder ter a cartografia dum percurso seguro que me conduza à ilusão de não
me perder, de mim, nem da possibilidade de chegar cada vez mais perto de ti. Sim;
é assim que deixo de lado a genuinidade e solidez do atrevimento pueril
passível de me tecer a eternidade no sorriso, e me torno carregado, sério e volúvel,
perdendo quantas vezes a adrenalina da aventura e a possibilidade da surpresa
daquelas descobertas mais insuspeitas com que, rejuvenescendo-me e
refazendo-me, quando a tal me permito, consigo banir dos dias os preconceitos e
as barreiras que me facilitam o puro estado de somente ser, ser contemplação, ser
afectos, tão tamanhos que na aura acabo a carregar só a disponibilidade para
configurar a mente em respostas que surgem como a agregação do meu eu a um
pouco mais de mim, a nada mais do que à demissão do pensamento ilusório, acabando aí sim a saber que se há alguma razão para tudo o que acontece acontecer
muito antes do meu querer, essa razão não passa do amor onde me procuro, onde pouco
mais sei a não ser ser nesse espaço que nos encontro.
PBC