É possível que nunca tenha chegado além dos limites do horizonte.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Melhor filme...
Quando o cinema que se faz em Portugal desde o último quartel do século. XX, salvo algumas boas excepções, na minha humilde opinião se salda pela tradução dum corolário de exercícios de estilo despesistas, sem respeito algum pelo espectador que contribui para a sua existência, num país em que a sua industria vive preocupantes agruras e quem lhe dá corpo continua a cultuar quase em exclusivo o cinema de autor obtendo como resultado meros documentos de cinemateca, ter a ousadia de defender uma terceira via assente na premissa que também advogo, de que “um filme tem como propósito trazer o espectador para dentro da tela”, fazê-lo com sucesso é um passo em frente a que gosto de assistir.
De facto, havendo espaço para os vários estilos de cinema dirigido a distintos públicos, vivemos uma situação em que tornar um filme num produto comercial quase se torna uma exigência, e, sobe pena de o ver-mos desaparecer, pensá-lo deveria ser como pensar qualquer marca que se queira firmar no mercado. Hoje, sem ter-mos que nos centrar nos padrões hollywoodescos, por cá, já alguns o sabem e, num âmbito e tónica europeizada tentam-no sem que no entanto nem todos esses o consigam. Motivos? Não me caberá a mim dissecá-los aqui.
E foi precisamente isso, “trazer o espectador para dentro da tela”, aquilo a que assisti ontem na antestreia de "Quero ser uma Estrela", o último filme de José Carlos de Oliveira, filme que, mau grado as dificuldades sabidas que o foram perseguindo, na minha óptica, torna-se bem sucedido e a melhor longa metragem de toda a cinematografia deste realizador.
"Quero ser uma estrela", mais do que um documento actual sobre o tráfico de pessoas consegue provar-nos como é que uma óptima articulação e gestão dos elementos dramáticos e técnicas de narrativa cinematográfica, aplicadas com maturidade, criam a solidez dum filme capaz de nos prender ao ecrã. E, porque tratando-se de cinema não sou nem de elogio fácil nem gratuito, não o digo minado por qualquer tipo de apego emocional ligado ao facto de ter acompanhado os primeiros passos do guião ou, sem o poder aceitar, ter tido o privilégio de ser convidado para trabalhar nele, mas sim porque o saldo do que vi ontem leva a que o cinema português, José Carlos de Oliveira e toda a sua equipa estejam de parabéns. Em verdade, esta obra mexe connosco e certamente criará polémica junto da critica. De igual modo, cumpre os anseios do espectador procurando numa sala a satisfação do dinheiro bem gasto.
“Quero ser uma Estrela” dá-nos notas de excelência na fotografia e, se por ventura não se torna no melhor filme português da actualidade, pelo menos afirma-se como um dos melhores exemplos do que, e como, por cá, em cinema, sendo que as produções a não muito podem almejar, se deveria fazer, sobre tudo ao nível da realização e articulação do guião, aqui cabalmente "esgalhado".
Embora estilisticamente nos ofereça alguns excessos em nada contraproducentes ao seu posicionamento e incorporação na contemporaneidade, digo tratar-se de obra impar na actual panorâmica dos filmes nacionais.
Destaco ainda a excelente interpretação de Dalila Carmo no papel de Teresa, bem como a interpretação de Dino Mboa no papel de Kabila, um traficante de menores.
Com estreia marcada para 28 de Outubro em 20 salas, vale a pena ver este filme, e recomenda-se.
Haja quem consiga inverter o apanágio reinante na boca do povo de que “filmes portugueses são uma granda seca”.
a quem não tem tempo a perder com mais do que três ou quatro palavras, aqui por vezes indigestas e debitadas em diarreica prosápia. Aqui há erros de concordância, semânticos e ortográficos, dá-se seca, não há coerência estilística ou temática, as piadas são foleiras, as paixões piegas e o amor entende-se como universal, não se aviam receitas de pacotilha, não se confunde espiritualidade com espiritismo nem espirituosismo e o autor adora afagar o seu próprio ego. Aconselha-se quem vem por mais de 10 segundos a trazer cantil. Não se indemnizam terceiros pela ocorrência de eventuais danos afectos à crítica.
Nada a dizer a não ser que me perco em fabulações metafísicas e na física das palavras que me distraiam, ou imagens que, para me lembrarem do porquê de me procurar no amor, por vezes, desaguam neste blogue, muito mesmo para mim, atendendo aos incautos que por cá passam...
Sem comentários:
Enviar um comentário